Tuesday, May 30, 2006

“Dijért” vitais para o desenvolvimento do país

Ao ler uma notícia no DN de Sábado (26 de Maio), descobri uma utilidade na existência desses grandes ginastas que são os D’zrt. É verdade, no meio de tanta coisa estúpida que me podia ter lembrado de dizer, fui logo escolher a pior.

Essa notícia tinha o título de “Que remédio senão apanhar com os D’zrt?!”. É claro que me aprontei logo a ler, tal foi o meu espanto a ver que no meio de tanta maralha apreciadora dos dijért, um conceituado diário, apresentava um pouco de bom senso, nem que fosse só mesmo pelo título. O meu espanto ia aumentando à medida que ia lendo artigo mais sensato.

E ai está motivo de tal espanto, o lead do artigo: “O concerto dos D’zrt, ontem no Rock in Rio, trouxe pais, irmãos mais velhos, tios e madrinhas. Nenhum deles morre de amores pelo grupo. Só que não tiveram alternativa. Quando se trata da banda da série televisiva “Morangos com Açúcar, são as crianças e adolescentes que ditam as regras. Os mais novos usaram todas as chantagens. Os mais velhos cederam”.

E agora passo a citar algumas passagens que me fizeram tornar-me um adepto fanático do autor deste artigo maravilhoso (ele é o DP, seja lá quem for, é um SENHOR!): “Catarina e Ana Sofia não deram tréguas e usaram todas as armas. Prometemos que nos íamos esforçar mais na matemática e dissemos que era a coisa mais importante para nós – explica a irmã mais velha”; “…Fátima Costa, de 35 anos, e Inês, de cinco, chegaram a um acordo. A filha vê o espectáculo dos D´zrt às 19.00, a mãe assiste ao concerto da Shakira, à meia-noite. O pacto, contudo, poderá naufragar a qualquer momento: não sei se ela aguenta ficar aqui muito tempo com este calor, teme Fátima”, ao que eu acrescento: “nem com este calor, nem a aturar quatro gajos a dar cambalhotas, enquanto os verdadeiros músicos estão na parte de trás do palco”.
Ó minha senhora, para a próxima, se quiser poupar dinheiro, leve a sua filha ao circo. Também vê impostores e com certeza há-de haver alguém que dê mortais e se vista da maneira mais inimaginável, talvez mesmo os palhaços não consigam, mas pelo dinheiro que poupa, vale a pena. Quando chegarem os palhaços leve a sua filha à casa de banho para lhe desviar as atenções. É que se ela gosta dos D’zrt, está certamente habituada a ver palhaços a toda a hora e de melhor qualidade, basta olhar para os dentes do Zé Milho, já é uma anedota pegada. Ela ao ver os palhaços do circo, irá apanhar uma desilusão. Leve-a à casa de banho ou diga-lhe que viu um elefante cor-de-rosa atrás delas. Não se admire se ela responder que não é um elefante, que é a pêra do Zé Milho que já cresceu até tal ponto e que ele a pintou de cor de rosa, ou que é o contentor de droga cor-de-rosa usado pelo Topê.
Para finalizar a transcrição de algumas passagens, fica a mais extasiante: “Afinal, até quando esta banda vai continuar a fazer da vida de pais e mães um tormento?” Eu por mim era já hoje, ao fim da morte deles parecer um acidente.

Ao fim deste grande momento de jornalismo rigoroso e competente, vou passar ao ponto que faz título deste post, a utilidade dos Dijért. Topê, Zé Milho e amigos, esses grandes malabaristas, que até agora só possuíam uma utilidade, que era a de eu gozar com eles, agora apresentam outra, deveras importante para o desenvolvimento do “país”.

Isto é, os filhos vão fazer tudo o que estiver ao seu alcance para ver um “concerto” dos D´zrt. Irão prometer fazer sempre os trabalhos de casa, estudar mais, portar-se melhor nas aulas, estar atento nas aulas, quiçá, passar a ir às aulas.

Para andarmos com o país para a frente, basta, aquando os pequenos rebeldes pedirem para ir ver um concerto, os pais, proibirem até à última da hora. Deste modo irão obter mais promessas por parte das crias, que irão atingir o desespero à medida que o dia D se aproxima e o seu desejo é recalcado pelos progenitores.

Meus amigos, dois grupos se iriam fundir no mesmo campo de abundância de conhecimento. Deixando a natureza cumprir os seus desígnios, encontra-se o primeiro, englobando os alunos inteligentes no seu cantinho sem chatear ninguém, a lutarem por ser alguém (se são inteligentes, com certeza não gostam dos D´zrt). O segundo grupo, que engloba os miúdos problemáticos, que andam cinco anos para fazer um (isto é o que me vai acontecer) ir-se-ia fundir com o primeiro, isto é, os elemento do segundo grupo, passariam a estudar e a fazer um ano justamente em…três sei lá, talvez até dois, devido aos sacrifícios feitos por eles, ao terem prometido isto e aquilo aos pais, de modo a poderem ver os GRANDES ao vivo. Daqui a uns anos o que não falta aí é pessoal qualificado a fazer coisas magníficas em prol do país.


Pais portugueses, mães e pais de crianças, adolescentes que não acham que os Dijért são uns pacóvios, isto é, mães e pais de pessoal-ainda-mais-pacóvio-que-os-Dijért, sigam o meu conselho se querem que aqui a praia de Espanha iguale os níveis de desenvolvimento da EU (é difícil) e se querem que os vossos filhos sejam alguém na vida e tenham uma vida de qualidade* (já é mais fácil).

Reparem, nem irá ser preciso sair “de cá” para ser alguém. E Portugal, qualquer dia até se torna um país a sério. Tudo graças aos grandes dos Dijért!

Fica então a deixa: eu até gosto do Zé Milho, é pena eu não gostar de cereais!



* Quando eu me refiro a vida de qualidade, não é que estão a pensar, não é estar todo o dia em casa a ver a bola e a beber cerveja, não é ir aos fins-de-semana à Caparica, não é comprar a Maria, não é passear na auto-estrada só com o intuito de poderem ver um acidente, e deste modo, parar para ver chapa batida (um dos seus desportos favoritos, eu sei!), não é usar o “coletezinho amarelo” no banco do passageiro, nem andar com uma bandeira de Portugal na mala da viatura, nem tão puco andar com um CD do Tony Carreira pendurado em cima do tablier, e isto tudo à pala do Rendimento Mínimo que o “inteligente” do Guterres se lembrou de implementar.
A vida de qualidade a que me refiro é: usar meias de todas as cores, excepto branco, ter um automóvel de qualidade sempre com o depósito atestado e poder comer ao mesmo tempo, ir de férias para as Seicheles ou as Maldivas durante um mês e não ir à Quarteira no fim-de-semana, é comprar os albúms favoritos em original e não fazer cópias de albúms da Ruth Marlene, Tony Carreira, Broa de Mel e afins (eu também não compro tudo em original, porque não gosto dos D´zrt e não precisei de fazer promessas lectivas, isto é, baldei-me). Ah e toda esta vida de qualidade com um emprego que “DÊ”!

Obrigado Topê, Zé Milho e os outros dois! ;- )

1 comment:

Anonymous said...

Eu hoje sou o falhado que sou, porque a vida não me permitiu partilhar a minha infância com estes novos heróis da Sociedade Civil Portuguesa.

Por um Portugal melhor veja Dijért.

James Martin